Por Osmar J. Santos
Era o primeiro encontro. Ele, tímido, fingia sentir-se à vontade. Ela,
sempre sorridente, disfarçava as tristezas que seu último relacionamento lhe
causara.
Olho para o que escrevi até aqui e fico a me perguntar: Qual será o
próximo passo? O que escrever nas próximas linhas?
Hipócrita, isso que sou! O destino deles já está traçado desde as
primeiras palavras.
Ela queria ser feliz outra vez. Foi o que disse ao aceitar o pedido de
namoro. Ele iria fazê-la feliz. Foi o que lhe garantiu após o primeiro beijo.
Sei que agora espera que diga se conseguiu. Desconfio até que tenha um
palpite. Desconfio também que está achando tudo isso um pouco estranho. Achando
que não valerá à pena continuar a leitura. E que o melhor é passar para a
próxima página. E que... Direi apenas que caso desista, não saberá o fim desta
história. Coisa parecida já aconteceu antes... Certa feita minha irmã, com sono,
não assistiu ao filme até o final. No dia seguinte perguntou-me o que aconteceu
e inventei um desfecho. Ria por dentro enquanto narrava as cenas que até aquele
momento inabitavam minha memória. Peso de consciência? Bobagem... Arrependimento?
Nenhum... Afinal, quem mandou dormir?
Acredito que esteja até achando um pouco de graça agora (é da natureza humana
divertir-se com o infortúnio alheio), mas uma coisa lhe digo: Isso é mais cruel
que engraçado. Não o fato de ter inventado um final para um filme cujo
verdadeiro desfecho só saberá caso assista novamente (e assista até o fim); mas
sim o fato dessa história ser inacabada.
O que houve com o casal?
Poderia dizer que sinto muito, mas não. Confessarei: não, eu não sinto.
Poderia lhe
dizer que o texto enveredou por caminhos estranhos, desconhecidos; que perdi
sobre ele o controle que imaginei ter; mas não. Direi o contrário: foi tudo de
caso pensado. Isso mesmo. Não existe história, não existe casal, não existe
final e devo dizer: foi tudo intencional.