Por Osmar J. Santos
Fora acometido de uma incontrolável vontade de escrever; de colocar no papel o que sentia.
Passava das duas da manhã e não havia som lá fora. Sobre a escrivaninha um tinteiro, algumas folhas parcialmente riscadas e uma xícara de chá de canela. Estava visivelmente cansado - não o bastante para abandonar seu propósito e deixar-se vencer pelo sono.
Um sorriso passou rapidamente por seus lábios - acontecia todas as vezes que nela pensava; que lia seus textos; que a encontrava.
Já havia algum tempo desde o último encontro mas não esquecera o macio de sua pele; o doce de seu sorriso; o vermelho intenso de suas unhas.
As lembranças brincavam em sua mente. Distraía-se e o sorriso vinha fácil; mas logo desfazía-se, feito a rara brisa de um dia de sol. A expressão séria, sisuda mesmo, era devolvida à sua face. Lembrava não que o relógio já marcava três da manhã; muito menos que deveria levantar às cinco; mas sim que não houvera até então, lhe falado sobre o que sentia. Não havia naquele momento, algo que traduzisse sua expressão. A urgência já não era colocar palavras no papel. Era falar-lhe.
(...) e mergulhava novamente em seus pensamentos...
Apagou a lâmpada. Não fechou os olhos, mas o escuro não lhe permitia enxergar além de seus próprios pensamentos: o macio de sua pele; o doce de seu sorriso; o vermelho intenso de suas unhas, o macio de sua pele...
(...) e mergulhava novamente em seus pensamentos...
Apagou a lâmpada. Não fechou os olhos, mas o escuro não lhe permitia enxergar além de seus próprios pensamentos: o macio de sua pele; o doce de seu sorriso; o vermelho intenso de suas unhas, o macio de sua pele...
Novamente pôde-se ver o sorriso distraído tomar sua face.