Osmar J. Santos
Era um daqueles voos chatos. longos. Com um pouco de turbulência. Melhor, muita turbulência - de forma que em alguns momentos parecíamos mesmo estar numa estrada ruim. Mas não. Não é a turbulência o foco desse mal escrito. A personagem principal dessa história é a ocupante da poltrona 19C. Sei lá, 3 ou 4 anos. Não mais que isso...
Turbulência é um momento chato, concordo. Mas há coisas piores e talvez (ou melhor sem sombra de dúvidas - e reconheço que só falo isso porque não tenho medo de turbulência) a pior delas seja a aerodilatação auditiva - causa daquela dor de ouvido e da acentuada e momentânea redução da audição a ponto de quase não se ouvir a própria voz.
Turbulência é um momento chato, concordo. Mas há coisas piores e talvez (ou melhor sem sombra de dúvidas - e reconheço que só falo isso porque não tenho medo de turbulência) a pior delas seja a aerodilatação auditiva - causa daquela dor de ouvido e da acentuada e momentânea redução da audição a ponto de quase não se ouvir a própria voz.
Ela chorava e eu, que só não compartilhava do seu choro por já ter passado dos 3 ou 4 anos que ela ainda possuía, era solidário a sua dor.
A mim, que não tinha a quem apelar, restava torcer para que a aeronave tão logo tocasse o chão e assim terminasse nosso suplício. A ela, que tinha na poltrona 19B aquela a quem recorremos nos momentos mais difíceis de nossas vidas, coube surpreender a todos aqueles que conseguiram ouvir seu choroso e soluçante apelo:
"Mãe, eu não quero ficar sem voz..."